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sábado, 17 de julho de 2010

Era uma vez um bando de mulheres no rock

Há poucos dias vazou na web o clipe de Cherry Bomb, clássico das Runaways, na voz de Dakota Fanning, a atriz que viverá a blond bombshell Cherie Currie da icônica banda da década de 70. O clipe, além de mostrar que a atriz leva jeito pra coisa, já dá uma idéia de que o filme não poupará os detalhes mais sórdidos da biografia dessas cinco garotas que revolucionaram o rock – e promete fazer muita fã de Crepúsculo sair apavorada dos cinemas.

Surgida em 1975, a banda The Runaways foi uma espécie de The Yarbirds do rock feminino. Conseguiu juntar em sua formação duas titânidas das seis cordas: Joan Jett e Lita Ford, além da grande baterista Sandy West, a baixista Micki Steele e é claro, Cherie Currie nos vocais. À época do debut da banda, a idade média das integrantes variava entre 15 e 17 anos, algo realmente impressionante levando em conta a maturidade musical das garotas.

Embora tenha conseguido relativo sucesso (chegaram a abrir os shows do Van Halen e viraram verdadeiras heroínas no Japão), a banda se consumiu nos próprios excessos e acabou tendo vida curta: durou até 1979. A atitude polêmica e feminista demais para os padrões da época acabou encobrindo o que a banda tinha de mais relevante: a qualidade sonora. Riffs marcantes, viradas matadoras e solos poderosos aliados aos vocais cheios de atitude Joan e Cherie (e posteriormente só de Joan, após Cherie ter deixado a banda) marcaram os quatro álbuns de estúdio da banda, dando aos fãs uma aula de rock’n’roll e rebeldia e fazendo muitos machos parecerem menininhas dentro do selvagem cenário do rock.

O filme, produzido pelas ex-integrantes Joan Jett e Cherie Currie e cuja estréia nos EUA está prevista para abril, vem para apresentar essa injustiçada banda às novas gerações. Há quem diga que o filme tem um gostinho de “Não Esqueça Minha Calói”, no caso, o Rock’n’Roll Hall of Fame. Porém, a despeito dos interesses das integrantes por trás da produção, as Runaways realmente merecem uma segunda chance de conseguir o devido reconhecimento e o filme, estrelado pelas badaladíssimas Dakota Fanning e Kristen Stewart (nos papéis de Cherie Currie e Joan Jett, respectivamente) tem tudo para devolver o brilho às rainhas da rebeldia.

Apesar do filme ter sido produzido por duas integrantes da formação original – o que deveria garantir sua fidelidade à história – o fã mais atento vai sentir que a importância de Lita Ford foi relativamente reduzida na produção, a começar pela escalação do elenco: enquanto Joan e Cherie são interpretadas por duas verdadeiras musas teen de Hollywood, o papel de Lita fica a cargo da desconhecida Scout-Taylor Compton. Tal fato se deve aos desentendimentos que a guitarrista Lita Ford teve com suas ex-companheiras de banda, que a afastaram da produção do filme e talvez prejudiquem a percepção que a nova geração terá de seu papel dentre as fugitivas.

Mesmo esses pequenos desentendimentos parecem que não tirarão o brilho do filme. Segundo as ex-integrantes e os roteiristas, a atitude, a rebeldia, as drogas e até mesmo o breve e polêmico romance entre Joan e Cherie serão devidamente retratados nas telonas, embalados pelo som cheio de energia das rockeiras adolescentes. A direção fica por conta de Floria Sigismondi, famosa pela direção de clipes de artistas como The Raconteurs, Björk, David Bowie, Marilyn Manson e Christina Aguilera.

Enquanto o filme não ganha data de estréia no Brasil, o jeito é se contentar com o som das Runaways originais e seus hinos inesquecíveis como Cherry Bomb, Rock’n'Roll, Dead End Justice, Queens of Noise, Neon Angels (On the Road to Ruin), Born to be Bad, School Days e Johnny Guitar.



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